Com uma taxa de desemprego de mais de 12% no Brasil, existe uma grande pressão para que o novo governo consiga gerar novos empregos no país. Além disso, há vários empresários interessados na criação de resorts integrados com cassinos. Uma das principais vantagens deste tipo de empreendimento é, justamente, a possibilidade de gerar vários empregos diretos e indiretos, provvelmente 500 mil empregos no país. Ou seja, para quem deseja a liberação das apostas e dos cassinos, um dos principais argumentos é uma das necessidades mais cruciais do país no momento.
É importante citar que o governo proíbe casas de apostas desde os anos 40, mas os brasileiros que gostam de apostar podem recorrer às apostas ilegais, não recomendadas, como o Jogo do Bicho ou bancas de aposta. O problema destas opções é que nenhuma delas gera impostos para o país. Além disso, quem trabalha no setor, atualmente, não é protegido por nenhum tipo de lei trabalhista, isso porque a atividade não é devidamente regulamentada. Vale lembrar que o jogo ilegal movimenta cerca de R$ 20 bilhões por ano no país, isso em uma estimativa conservadora, segundo Herculano Passos.
Ao mesmo tempo, a lei não proíbe as apostas virtuais. Já existem diversos cassinos online para brasileiros, com sede no exterior, portanto regulamentados e licenciados. Porém, não geram recursos ao Brasil, já que os fundos são enviados ao local sede das empresas. Assim, quem apoia a legalização afirma que é melhor criar uma regulamentação brasileira, cobrar impostos e gerar empregos ao invés de manter a proibição de apostas físicas e indefinição dos jogos online.
Perfil conservador do governo pode dificultar a legalização dos jogos
A Câmara e o Senado são compostos por pessoas mais conservadoras, o próprio governo do Jair Bolsonaro apresenta um perfil que busca a preservação dos costumes. Em entrevista ao Diário do Porto, o deputado Herculano Passos afirmou que existe bastante resistência à legalização das apostas, principalmente na bancada evangélica.
Quem apoia a legalização argumenta que países cristãos na Europa e na América Latina liberaram as apostas, se modernizaram e se disciplinaram no setor. Atualmente, esses países recebem grandes quantias graças aos impostos gerados com a exploração da atividade. Ao mesmo tempo, o Brasil proibiu casas de jogos 70 anos atrás e assistiu o jogo ilegal prosperar.
Neste contexto, o modelo de resort integrado é o mais aceito pela frente evangélica justamente por não incentivar o que a eles mais temem. De acordo com Marcelo Álvaro Antônio, Ministro do Turismo, “o que arrepia a bancada evangélica é o trabalhador entrar em uma porta de bingo, deixar todo seu salário e a família ficar desamparada. Em um resort integrado, o trabalhador leva a sua família para uma viagem de lazer, minimizando este problema”.
Resorts integrados e a melhora da economia
A liberação dos cassinos é essencial para que o modelo de negócio dos resorts integrados se tornem viáveis. Pelo menos é isso que os grandes donos de cassino afirmam, e faz sentido. Afinal de contas, a ideia é que o cassino cubra boa parte dos custos de operação do empreendimento que conta com hotel, shopping, cinema, salão de eventos e, é claro, um espaço para os jogos.
Ainda de acordo com Herculano Passos, todos estes departamentos juntos acabam fazendo com que um resort integrado gere cerca de 3,8 empregos por quarto. Para se ter uma ideia, em um hotel comum, como os que compõem a rede Ibis, a média é de apenas 0,8 carteiras assinadas por quarto. E isso é considerando apenas empregos diretos, mas como resorts integrados também estimulam o turismo, é possível que vários empregos indiretos também sejam gerados em restaurantes e outros setores correlatos.
A construção civil também é aquecida caso os cassinos sejam liberados. Isso acontece porque os resorts integrados precisarão ser construídos, essa etapa garante a geração de centenas de empregos diretos e vários outros indiretos ao longo da construção. Pode-se afirmar que com tantas vantagens vai ser difícil não ocorrer a liberação dos cassinos no Brasil. Mas, se você quer esperar, é melhor se assentar: o foco atual dos congressistas é a previdência, a previsão é que a legalização das apostas em geral e dos cassinos só ocorra no segundo semestre deste ano, mas isto, é claro, considerando que o assunto não será ignorado e postergado novamente.